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Av. Nossa Senhora do Ó, 865 - Cj. 614 - Limão / São Paulo - SPPlantões extensos, poucas horas de sono, baixa exposição à luz solar e árdua cobrança são fatores que contribuem para o adoecimento psíquico dos profissionais da saúde que presenciam cada vez mais o aumento no número de casos de contágio pela Ômicron, variante o vírus responsável pela Covid-19, e influenza. O avanço significativo na vacinação pelo país fez com que algumas pessoas se sentissem mais confortáveis a voltar às atividades normais e relaxassem com as medidas de segurança, esquecendo a facilidade de reinfecção pelo vírus.
Além da alta exposição aos agentes infecciosos e químicos, as condições de trabalho são muitas vezes precárias, além da falta de mantimentos de testagem, que se tornam fatores agravantes para a saúde dos profissionais da saúde que precisam lidar diretamente com o sofrimento humano. A psicóloga e professora do Centro Universitário de Brasília (CEUB), Valéria Mori, esclareceu que “ao entrar no terceiro ano de pandemia, as novas cepas da Covid-19 e outros vírus como o H3N2 e suas variantes, estão gerando uma angústia existencial naqueles que estão na linha de frente no combate às doenças”.
A psicóloga explicou ainda sobre a importância de ter espaços para conversa “seja com colegas de trabalho, amigos, mas principalmente um terapeuta para poder ouvir o que essa pessoa tem a dizer. É essencial poder dialogar e expressar as dificuldades do dia a dia, porque a psicoterapia, através do diálogo, pode ser uma possibilidade para pensar na vida além do desgaste cotidiano”. Outro ponto de atenção que a Valéria levanta é sobre os malefícios que a falta de espaço para diálogos pode gerar, “se não podemos pensar no futuro, a vida se torna penosa e entristecida”, ou seja, esse pode ser um problema maior que o profissional de saúde da linha de frente irá carregar mesmo após a pandemia.
Diante desse adoecimento coletivo, o médico infectologista do Hospital Anchieta de Brasília (DF), Victor Bertollo, conta um pouco sobre como está sendo para ele. “Todos nós da área da saúde estamos vivendo esse processo há mais de dois anos, o que tem gerado grande desgaste físico, mental e emocional. Soma-se a esse desgaste o adoecimento dos próprios profissionais que também estão se contaminando, com a necessidade de afastamento das atividades, e a consequente sobrecarga de trabalho dos demais profissionais”.
Ainda pensando no risco presente em ambientes hospitalares, outro fator que acomete a saúde mental dos profissionais da saúde é a capacidade limitada ao tentar conter os vírus diante de um cenário onde leitos são mal geridos e insuficientes, faltam profissionais qualificados para a realização dos procedimentos, faltam equipamentos, há deficiência nas assistências primárias e um uso ineficiente do pronto atendimento, tornando assim a rotina mais estressante e cansativa.
Com toda essa sobrecarga os profissionais da linha de frente precisam encontrar novas formas de atender e diagnosticar as pessoas que chegam no consultório com diversas dúvidas e medos. “Assuntos que são debatidos no meio técnico e científico precisam ser levados de forma que o paciente entenda. Desde o início estamos tendo todo o cuidado e atenção para explicar aos pacientes como se dão as formas de tratamento, medicação e cuidados”, conclui Victor Bertollo.
Fonte: Fehosp