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Av. Nossa Senhora do Ó, 865 - Cj. 614 - Limão / São Paulo - SPMédicos e enfermeiros têm alertado sobre a escassez dos chamados equipamentos de proteção individual, os EPIs. Eles são essenciais para que as equipes de saúde não se infectem com o novo coronavírus.
Médicos e enfermeiros em todo o Brasil têm alertado sobre a escassez dos chamados equipamentos de proteção individual, os EPIs. Eles são essenciais para que as equipes de saúde não se infectem com o novo coronavírus.
Nas unidades básicas de saúde de Osasco, na Grande São Paulo, profissionais da saúde reclamam que faltam máscaras para atender pacientes com a Covid-19. Eles não querem aparacer. “É fornecida uma máscara pra 28 dias. O ideal seria uma semana, né? Os aventais, eles rasgam. Você puxa, ele rasga. Alguns funcionários reclamaram já e a resposta é: é esse material que tem”, conta um deles, que não quer se identificar.
Na UTI do hospital São Paulo, da Unifesp, a queixa é parecida. Faltam máscaras N95 e aventais impermeáveis: “A situação hoje é bem precária. Nós temos a indicação de utilizar aventais impermeáveis, que é para gente não fazer a contaminação nem a disseminação do vírus. E, muitas vezes, falta esse avental. Nós nos sentimos desprotegidos. Os funcionários têm medo atualmente. De atuar e acabar contraindo alguma coisa e acabar levando para as suas casas”.
Imagens cedidas pela Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos - que representa 1.788 hospitais em todo o país e que, segundo a instituição, responde por cerca de 50% do atendimento do SUS - mostram prateleiras quase vazias, com poucas máscaras e aventais. Em um hospital, já não há toucas nem álcool 70% no estoque. E o suprimento de álcool gel está no fim.A Associação Médica Brasileira já recebeu 2.513 denúncias de falta de equipamentos de proteção individual, em 520 municípios do país. Máscaras estão em falta em 90% dos estabelecimentos denunciados.
"Em uma doença com as características dessa pandemia - ou seja, pelo alto grau de contágio -, a questão dos equipamentos se torna ainda mais crítica. Porque não só o profissional de saúde, se fica doente, ele vai desfalcar o número de pessoas dispostas e preparadas para combater a doença. Mas, naquele período em que a pessoa contrai o vírus e ainda não tem sintomas, ele pode contaminar com muita intensidade terceiros, pela posição profissional que ele ocupa”, diz Lincoln Ferreira, presidente da AMB.
As associações de médicos e também de hospitais alertam sobre outro problema: o aumento vertiginoso do preço. Em meio à pandemia, equipamentos essenciais para profissionais da linha de frente contra a Covid-19 registraram aumento de quase 3.000%.
Notas fiscais mostram que, em dezembro, a Santa Casa de Piracicaba, no interior paulista, comprou máscaras por R$ 5,62, a caixa com 50 unidades. No começo de fevereiro, o preço da caixa subiu para R$ 9,75 na mesma empresa. No fim de fevereiro, segundo a Santa Casa, um outro fornecedor vendeu a caixa com 50 máscaras cirúrgicas por R$ 29,51. E no dia 19 de março, já com o aumento de casos do coronavírus, a caixa de outra empresa custou R$ 170. Um aumento de 2.924% em pouco mais de três meses.
“Eu acho que isso é ganância, isso é falta de coração. É ganhar com a desgraça dos outros, ganhar com a desgraça dos brasileiros que tanto precisam. Tanto movimento existe em prol de atender esses pacientes. Hoje os hospitais brasileiros filantrópicos têm, no máximo, 10 a 15 dias de estoque de EPIs, principalmente de máscaras”, afirma Mirocles Campos Véras Neto, presidente da Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos.
A Secretaria Municipal de Saúde de Osasco afirmou que orienta os profissionais a seguirem as normativas técnicas para uso dos equipamentos de proteção individual, que não houve falta de material e que, como outros municípios do país, enfrenta dificuldade na compra dos equipamentos.
O Hospital São Paulo afirmou que segue regras e protocolos dos órgãos de saúde, que não existe reaproveitamento das máscaras N95 e que disponibiliza equipamentos para os colaboradores.
Fonte: Fehosp